terça-feira, dezembro 29, 2009

Esse é o meu amigo Claudio Ceregatti

Robei do blog do FG estes dois texto do Cerega.
Motivados por essa foto.

Claudio Ceregatti disse:
29/12/2009 às 7:43
Ahhhh FG….Essas fotos em branco e preto são um deleite, parte de um universo antigo que gostaria muito de ter sido parte… Nasci na época errada.No outro post, pedi pra avisar o Raul Pasqualin que o amava.Avisaram? Se não, avisem duas vezes…
Essa é baba: Retão do Autodromo de Interlagos, há 45 anos atrás. Cadê minha máquina do tempo?Não dá pra identificar direitinho, mas reparem na faixa pintada no asfalto: Parece ser os 50 metros da aproximação da curva 3, aquele bacião maravilhoso que diferenciava os homens dos meninos.
Historinha desse exato local:Paulo Kato, japa de (hoje) 65 anos de idade que anda de Aldee Spyder no campeonato paulista, teve uma experiencia marcante que me contou:Mais ou menos nessa época, queria ser piloto. Moleque de tudo, foi até o Templo e (nem sei de que jeito) sentou ao lado de ninguem menos que Luiz Pereira Bueno, num Gordini.Na primeira volta, tudo bem, e o japinha meio alucinado com o cenário, aquela sequencia maravilhosa de retas e curvas maravilhosas.Na segunda, o Mestre já veio cravado pela curva 1 e curva 2.Tudo bem que o carro nem andava muito, mas para a época, mais os buracos e matagal em volta, além da total inexperiencia do incauto japones ao lado…Desceu o retão a milhão. Esse mesmo que aparece na foto, depois da das duas curvas mais rápidas do mundo na época e 900 metros de terror para os incautos… Beeemmmm comprido, mas o que passava rápido era uma doideira.O carro chegou tão rápido na curva 3 que “a impressão não é que o carro chega na curva, e sim que a curva chega de repente no carro… A reta simplesmente sumia, numa curva em descida de mais de 90 graus à esquerda, assustador…”.Quando LPB já estava bem pra lá do deus-me-livre, tinha uma touceira de mato mais ou menos nesse ponto.O japa, já de olho arregalado e pensando “isso vai dar merda, e vai ser nas minhas calças” ouviu do Mestre a seguinte e cândida frase:“- Tá vendo o mato alto á direita? Encosta a lateral nele, e quando arrastar puxa o carro pra dentro que ele contorna…”E então fez a tal manobra.Pois é…O Paulo Kato nunca mais esqueceu esse “batismo de fogo”, e conta essa história até hoje, de um jeito delicioso de “quem estava lá”.Diz que, quase se cagando nas calças, o cara lambeu o mato alto, com a mataiada bem na cara do incauto japones… Puxou o carro pra dentro, e escorregava tanto que foi a inclinação da curva 3 que manteve a trajetória, pois a velocidade era muito mais além da capacidade de aderencia do carrinho, muitíssimo além dos piores pesadelos do japa que queria ser piloto…
Esta reta da foto ainda está lá, e recapeadinha, uma beleza.As curvas 1 e 2 tambem, lá ao fundo da foto e em descida, e a famosa curva 3 com sua inclinação absurda, que dos boxes dava para ver o teto dos carros, de tão compensada que era (ainda é, bem entendido).Tem um maluco que (em sonhos, claro) às vezes faz esse trajeto. Antes não dava, pois o retão estava cheio de valas para as fixações das arquibancadas do setor G da F1, todo detonado e mal cuidado tambem devido aos teste do famigerado “fura-fila”, do notório ex-prefeito já falecido, que foi casado com aquela mulher braba…Quando recapearam todo o traçado, a experiencia de compostos ideais de borracha e alinhamento ótico foram feitas todas no retão, pois esse local hoje é utilizado pela Porto Seguro para cursos de direção defensiva, tem que estar lisinho e bonitinho para os alunos ainda cheirando a leite em seus primeiros carros.Se alguem disser que desce o retão e contorna a curva 3, não acreditem!Tem um pessoal que mente muito, inventa histórias, vive sonhando acordado.
Mas a história do Paulo Kato, hoje honorável senhor sexagenário e que ainda acelera, proprietário da Metalurgica Kato é verdadeira: Ouvi da boca dele cada palavra.
O resto, mentira pura.
Claudio Ceregatti disse:
29/12/2009 às 14:44
Não aguento e volto aqui…Voce devia ser processado, FG. Tenho que trabalhar, ganhar a vida para poder “experimentar outros asfaltos” (contigo e amigos outros, não vai prestar…), no entanto não resisto e retorno aqui para contar outras mentiras, meu esporte preferido depois de um outro que não é futebol…
Pra parar de contar inverdades, vamos olhar essa foto maravilhosa de novo:Repararam no desnível desde lá de cima, da tomada da curva 1?Para os que não sabem onde é: No topo da foto tem um monte de árvores. A 1/3 da largura da foto, do lado direito, tem uma bem maior do que as outras (ou duas juntas talvez, que parece uma só). Viram?Pois ali era a tomada da curva 1, e a tal já começava em descida, verdadeira alucinação que a foto não deixa mentir… Reparem no plano inclinado com as árvores ao redor até o comecinho do retão lá em cima. Saibam que as curvas 1 e 2 são uma bela descida, mas não acaba aí, não…O retão que coube inteirinho na foto tambem é em descida, 900 metros de adrenalina depois de um par de curvas rapidíssimas, uma em cima da outra…Para dar de cara com a curva 3, um relevê absurdo de inclinado, que visto de frente (do angulo do piloto da foto) fazia o retão literalmente “sumir”, entrando numa curva de mais de 90 graus tambem em descida…Coisa de louco, de cinema, verdadeira montanha russa de pé cravado e ainda contornava depois a curva 4 (demoli meu Opala lá, quase fui parar no lago) que apontava para a curva da ferradura depois de uma “reta torta”.Todo esse trecho está lá, inteirinho para velhos sonhadores que mentem muito usufruírem em seus sonhos de senilidade precoce.Para que voces tenham uma idéia do desnível: Até hoje, se voce (com umas 42 libras nos pneus) contornar a tangencia da primeira perna do S do Senna (exatamente o ponto mais alto que citei) em ponto morto a 60 Km/h, faz a segunda perna, contorna o que restou da curva do sol, desde o “atual retão” (apenas a antiga reta oposta), faz a primeira e segunda perna da descida do lago (que era subida braba) e vai até o ponto mais baixo de Interlagos, onde começa a subir para o laranjinha, perto do meio da retinha.Pois chega lá a 90 Km/h, sem tocar no freio desde lá de cima. É um descidão forte, e basta experimentar andar em ponto morto para verificar o fato.Na foto deste angulo dá pra ver bem.
Aproveitem e procurem na foto guard-rails, áreas de escape planas e alinhadas, postos de controle ou um asfalto lisinho.Nada disso, os tempos eram outros, e morria gente pra caramba. Se alguem perdesse o carro ou quebrasse alguma peça vital que comprometesse a dirigibilidade, babau.Basta ver que o barranco cheio de mato não perdoava erros, pensem nesses carros com quase 50 anos focinhando um “morrinho artilheiro” desses e começarão a ter mais respeito pelos pilotos de outrora.E nem tentem alegar que “os carros de antigamente eram bem mais lentos…”Nem tanto, pessoal, nem tanto…As carreteras ( o terceiro carro da foto, por exemplo) eram verdadeiras cadeiras elétricas, um motorzão que cuspia potencia desproporcional a todo o resto do conjunto.Geometria de suspensão, amortecedores reguláveis, pneus adequados, freios a tambor que acabavam em meia volta e davam fading em duas curvas, nada era minimamente adequado ao motorzão debaixo do capô.Então quem sentava numa dessas, era antes de mais nada corajoso. E tinham bem noção do perigo, pois o que enterraram de amigos é mais do que nossa vida toda.
E o DKW e o Gordini?Carrinhos lentos?Sei…Se andar de kart indoor, dependendo da reta assuta, imaginem sentar num desses, “motorzinho de dentista”, tambem sem nenhuma segurança ou conjunto…Pois Bird Clemente chegou a empurrar carretera no retão!E vejam os filme nessa pista mágica com os Mestres contornando as curvas todas de lado…Drift? Coisa de japones?O escambau! Mandavam o pé nesses “carrinhos lentos” para compensar justamente a falta de potencia que nas carreteras sobrava!Por isso que quando vejo pilotinho cheirando a leite (desnatado, geração saúde) ter piti nos boxes porque “o carro, a pista, o cacete” não está de acordo, tenho vontade de vomitar.Quando não raro os mesmos lavam as mãozinhas com sabonetinho hidratante, não dão a mão aos mecanicos, cercados de papaizinhos com gel no cabelo, mamãezinhas peruas e personal trainer, stylist, massagista e um monte de amiguinhos sarados e bonitinhos.às vezes, jogam o capacete – caro e com pintura mais cara ainda – no chão.Mas são moleques mal criados, e estão cagando para história ou para o automobilismo de fato.É só mais uma diversão de fim de semana para quem pode e gosta de rasgar dinheiro.Por isso adoro essas fotos em preto e branco.Não é só mato, carro e asfalto.É um tempo de gente, que quando se encontrava falava “bom dia”, e que quando precisava de algo dizia “por favor”.Esse tempo passou. Mas o Templo não.Ano que vem faz 70 anos, mesmo mutilado.Vamos cantar os parabéns ao que restou dele, e aos heróis que nele criaram nossa indústria automobilística e aprenderam a ganhar e a perder.Como tudo na vida.
Catzo vo revira as fotos em casa e começar a publicalas aqui, assim o Cerega deixa todo mundo babando o resto da vida.
Cerega tu é f.........

2 comentários:

  1. DEUS. Obrigado por ter me dado a oportunidade de ficar um dia inteiro ouvindo as mentiras do Cerega... E no templo ainda!

    []'s Amigo

    Fernando Assis
    Poeiras Tur - 2009

    ResponderExcluir
  2. Já enviei um e-mail ao Claudio parabenizando-o pelo belo texto.
    Um abração aos dois.

    Rui

    ResponderExcluir